quarta-feira, 11 de maio de 2011
Nosso dogma global
O homem busca coisas que ele considera “necessidades”, mas que no final podem o tornar escravos de uma rotina que o afasta de sua vocação e missão de vida.
A maioria da sociedade tem vendido a sua alma em troca daquilo que paga melhor. A mensagem, desde as instituições de ensino fundamental até as de nível superior, não é conhecimento, não é fornecer um universo ao estudante que possibilite um encontro, em primeiro lugar, com a sua cidadania e depois com ferramentas que vão ajudá-lo na construção de sua carreira para uma melhor interação com o mundo a sua volta. A mensagem dessas instituições é tão somente formar peças que vão compor as demandas do mercado profissional.
O que o ser humano aprende é que ele precisa se formar para “ser alguém na vida” pois, afinal de contas, o seu valor não é intrínseco. Ele aprende que precisa estudar, não por causa de sua construção como um indivíduo que nasce com um propósito, mas porque precisa atender essa demanda do mercado. O resultado disso é que toda a informação adquirida no seu tempo de estudo é esquecida depois de passar num concurso público, ou até mesmo depois de sair da universidade. Os conceitos aprendidos perdem sua aplicabilidade, pois só serviram de trampolim social.
Uma pessoa pode acordar todos os dias às seis da manhã, pegar sua condução, bater cartão, voltar as às cinco da tarde para a casa e, enfim, cumprir esse ritual até os últimos dias de sua vida sem ao menos questionar quem ela é ou qual legado deixará para futuras gerações? A necessidade de conforto cega e tira da pessoa a reflexão sobre a vida.
O problema não é o trabalho mas é a falta do entendimento de que o trabalho é consequência de um indivíduo que encontra a sua vocação, que sabe que nasceu para responder uma necessidade, dentro dessa dinâmica relacional em que vive com seu próximo.
Ao estar preso dentro de um modelo de vida que o leva sempre em busca de sua “realização pessoal”, o ser humano não consegue enxergar essa outra realidade possível. Uma realidade onde habita a justiça, a paz e a alegria no Espírito. Como já dizia o bom e velho mestre, buscar o Reino de Deus e a sua justiça deve ser a nossa prioridade. Só que quanto mais envolvidos estamos, como seres viventes, com as urgências do materialismo, menos ouvimos a dor de quem sofre com a injustiça, denunciamos aqueles que corrompem as leis e menos ainda somos felizes.
Sim, infelizes por optar pelo caminho mais fácil, por viver no lugar mais seguro, por seguir essa romaria global que nos afasta uns dos outros e, principalmente, da razão de nossa existência. Os felizes são os que tem “fome e sede de justiça, que agem com misericórdia, os que são puros de coração e os pacificadores”. Talvez estes sejam os que, de fato, são realizados.
Fica na minha mente a canção Capitão de Indústria da banda Os Paralamas do Sucesso: “eu não tenho o tempo de ter, o tempo livre de ser, de nada ter que fazer…, eu acordo prá trabalhar, eu durmo prá trabalhar, eu corro prá trabalhar”. O que nos resta depois disso?
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De: Ultimato.com.br/sites/jovem
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