quarta-feira, 11 de maio de 2011

Entre os “SUPERS” e os “HERÓIS"


Os desenhos que mais gostava de assistir quando criança eram Comandos em Ação, Super-Amigos (Liga da Justiça) e Transformers (o desenho, primeiro e original, com o fusquinha amarelo bumblebee). Eram desenhos de heróis e vilões, mocinhos e bandidos, vitoriosos e fracassados. Como eu gostava e esperava por aqueles episódios cheios de emoção, de revira-voltas, de trabalho em equipe para vencer o inimigo! Como eu gostaria de ter “super-poderes” e super amigos para superar todos os obstáculos que surgiam na minha frente. Marcas da minha infância… será que somente da infância?!

Todos os dias, em determinadas situações, eu gostaria de ter super-poderes. Poder ler a mente das pessoas com quem estou conversando, ver o que acontece atrás das paredes onde pessoas estão falando sobre mIm, poder super-auditivo para chegar com respostas antes que perguntas sejam feitas, poder de raio laser para queimar as contas que estão para chegar, poder para fazer as pessoas entenderem o amor de Deus e se converterem. Gostaria de ser um super… mas gostaria de ser um herói?!

Super-heróis realmente têm seus super-poderes, capazes de salvar toda a humanidade da destruição intencionada pelos vilões de plantão. Mas existem outras coisas que não pensamos sobre os super-heróis: todo super-herói tem uma super-fraqueza que precisa ser escondida de todos, pois seus inimigos podem atacá-lo a qualquer momento e usar seu ponto fraco para vencê-lo. Os super-heróis têm uma identidade secreta que não pode ser revelada, pois colocaria em risco a vida de pessoas da sua família e círculo de amizades. Os super-heróis não têm férias nem tempo para si mesmo, precisam viver para o outro, precisam renunciar a si próprios porque a qualquer momento o mundo pode estar em perigo. Os super-heróis, neste ritmo, são pessoas amadas e adoradas, mas ao mesmo tempo vivem em profunda solidão e desespero. Esta história de super-heróis e super-poderes já está me incomodando!

Quando falamos da fé cristã, algumas coisas me chamam a atenção pela proximidade e também pela distância dos elementos comuns aos super-heróis. Enquanto que as super-fraquezas dos nossos heróis precisam ser escondidas, as nossas fraquezas precisam ser expostas, pois “a minha graça te basta, e o meu poder (de Deus) se aperfeiçoa na fraqueza (a minha)” (I Coríntios 2:9). É exatamente expondo nossas fraquezas que recebemos força e poder para enfrentar nossos inimigos, pois teremos cada vez mais consciência que somos “dependentes” da graça de Deus. Os candidatos a super-heróis precisam viver sob uma máscara, uma identidade secreta, e nós, ao contrário, somos chamados a expor a nossa verdadeira identidade, independente das conseqüências, pois Paulo nos ensina “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;” (Colossenses 3:9-10). Se os super-heróis vivem uma vida solitária, apesar de serem venerados e amados pelas pessoas de “boa índole”, nós somos convocados a viver em comunhão, como membros uns dos outros, formando um corpo cujo cabeça é Jesus Cristo (I Coríntios 12:12-27). Apesar de tantas distâncias, algo nos aproxima: os heróis não vivem para si, mas para o outro, e nós precisamos “ter a mesma atitude de Cristo, que, sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens…” (Filipenses 2:5-11 – NVI).

Nessas comparações não posso deixar de me referir àqueles que são colocados, na Bíblia, na “galeria dos heróis da fé”, como pessoas que pela fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, alcançaram o cumprimento de promessas, fecharam a boca de leões, apagaram o poder do fogo e escaparam do fio da espada; da fraqueza tiraram força, tornaram-se poderosos na batalha e puseram em fuga exércitos estrangeiros. Houve mulheres que, pela ressurreição, tiveram de volta os seus mortos (Hebreus 11:33-35a). Pessoas extraordinárias que realizaram feitos que somente super-heróis poderiam realizar. Mas no mesmo texto, com a mesma qualificação de herói, Hebreus afirma que alguns foram torturados e recusaram ser libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior. Outros enfrentaram zombaria e açoites, outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados(Hebreus 11:33b-37). Peraí! Há algo de errado com este segundo grupo… super-heróis não são serrados ao meio nem mortos ao fio da espada! Podem até ser apedrejados, mas usam seus super-poderes para gerar com campo de força e se proteger, e, ir pra prisão é uma questão de estratégia para enganar o inimigo… mas derrotados?! Como pode um super-herói ser derrotado?!

Uma reviravolta nos conceitos de super-heróis… mesmo porque o final do texto refere-se a estes como pessoas que “o mundo não era digno deles” (v.38). Então super-herói nem sempre vence? Pode ser derrotado, pode fracassar, pode falhar na sua missão?! Super-heróis podem ser humilhados, expostos, envergonhados e mortos?

Neste vai-e-vem entre a ficção humana e a convicção bíblica percebo uma mudança total no que pode ser considerado como vida de herói. Não são mais os super-poderes, não são mais os grandes feitos, não são as máscaras e identidades secretas, não são as vitórias “admiráveis e espetaculares”. O verdadeiro “super-herói” é aquele que independente da circunstância (vitória ou derrota) é marcado por uma vida que testemunha a sua fé em Jesus Cristo. Morrer testemunhando, viver testemunhando, fechar a boca de leões testemunhando, ser serrado ao meio testemunhando. o poder é o Evangelho, a força é a Fé, a atitude é o Testemunho. Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta (Hebreus 12:1)

Vivendo ou morrendo, sempre vencendo, pois a nossa vitória é ser TESTEMUNHAS que mostrem o caminho para o alvo, Jesus Cristo, autor e consumador da nossa fé. Eu quero fazer parte desta nuvem!

Nem super, nem herói… Agora meu alvo é TESTEMUNHAR.

Rodolfo Franco Gois tem 29 anos, é casado com Daiane, pastor da Igreja Presbiteriana Independente Liberdade (Maringá/PR) e Diretor Pastoral do TeenStreet Brasil (www.teenstreetbrasil.com.br).

De: Ultimato.com.br/sites/jovem

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